De 07 a 10 de novembro de 2023 na Universidade de Brasília/Brasília, DF.
Informações e inscrições em https://congressos.hegelbrasil.org/

A reciprocidade da relação entre identidade e diferença é um dos elementos mais marcantes da filosofia hegeliana e responsável, em larga medida, pela radicalidade de sua crítica à metafísica tradicional, bem como à filosofia transcendental. Não foram poucos, porém, os que objetaram que essa reciprocidade pendia muito mais à identidade que à diferença. Desde a crítica de Feuerbach, de Trendelenburg e de Schelling à Lógica de Hegel, nos anos 1840, até, mais recentemente, as críticas de Adorno e do pós-estruturalismo francês à filosofia hegeliana, muito facilmente a ela se atribuiu a etiqueta de Filosofia da Identidade, da qual decorreria a prevalência incontornável do universal sobre o singular e o apagamento do particular. A identidade da identidade e da não-identidade seria, assim, seguindo o princípio fundamental de todo idealismo, tautológica – para enorme prejuízo da não-identidade, do particular, da diferença, do contingente, enfim, do objeto em sua prioridade factual. 

Mas o desdobramento da edição filológico-crítica das obras de Hegel, que deu base e estofo a uma renovação radicalíssima das leituras da Ciência da Lógica, da Filosofia da Natureza e da Filosofia do Direito, em especial, abriu caminho a um acerto de contas mais detalhado com o que há de particular nos conceitos hegelianos de identidade e diferença, bem como com os momentos diversos de sua crítica. Em face desse cenário mais recente, em que as perguntas dirigidas à filosofia hegeliana voltaram a não ter reposta predefinida, urge reavaliar se, e como e onde, para Hegel a identidade prevalece sobre a diferença, ou se se trata do inverso disso, ou, por último, se identidade e diferença de fato são codependentes e indissolúveis uma na outra. Naturalmente, essa é uma questão que não está circunscrita à Doutrina da Essência, mas toca também certamente às outras duas partes da Lógica, bem como à Filosofia da Natureza e do Espírito. O XII Congresso Internacional da Sociedade Hegel Brasileira pretende, assim, abordar nos diversos âmbitos da filosofia hegeliana, por diferentes perspectivas, a relação entre identidade e diferença, tanto tendo em vista a elucidação de aspectos específicos da obra do filósofo, quanto as possíveis articulações da mesma com debates filosóficos contemporâneos.